DIÁRIO DE PROFESSORES

Juliane Marques
Gosta de viajar, praticar atividades físicas para espairecer, estar com amigos e sair em família.
A Cabana, de Stuart Hazeldine
Todos cabem no meu coração (não vou criar inimigos aqui, não é?!)
O homem mais inteligente da história, de Augusto Cury
Engenheira por profissão e professora por vocação, que além de esposa, mãe, empresária, pesquisadora e vice coordenadora de curso de graduação ainda encontra tempo para organizar eventos científicos nas horas vagas. Esta é a profa. Juliane Andréia Figueiredo Marques, cuja trajetória vamos conhecer um pouco mais nesta primeira edição do nosso diário de professores.
Se você olha para a descrição acima e só enxerga sucesso, saiba que por trás disso tudo há uma história de superações, persistência e muito amor pela profissão.
Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas, Juliane afirma que nem tudo foram flores. “Como boa aluna acostumada com excelentes notas no colégio, assim como todo FERA (ingressante) do curso de Engenharia, já senti uma enorme dificuldade ainda nos primeiros momentos do curso, especialmente com os cálculos e físicas”.
As dificuldades, no entanto, cederam à persistência e deram lugar a um belo encontro com a Geotecnia, área que a conquistou ainda na graduação.
Como foi sua escolha pela Engenharia? E pela Geotecnia como área de atuação?
Ao ser questionada pela sua formação acadêmica, Juliane informou: "Não há como negar que o exemplo de casa me serviu como inspiração. Meu pai, Abel Galindo Marques, foi professor de Geotecnia da UFAL o que me fez conviver diretamente com a área desde sempre. Crescendo no curso não conseguia me identificar com muitas áreas – achava que não tinha vocação – gostava das disciplinas de materiais de construção, mas era na Geotecnia que eu realmente me encontrava".
E como foi a trajetória após a graduação?
"Ao me formar fui direto para o mestrado, e participei das seleções dos programas da UFPE, minha primeira escolha pela proximidade de casa, e EESC- USP, Escola de Engenharia de São Carlos. Acabei sendo aprovada com bolsa na segunda opção e mesmo a contragosto, sem querer me distanciar de casa, me mudei para São Carlos-SP. A experiência logo se mostrou como uma coisa boa, voei com as próprias asas, conheci pessoas do país inteiro e de outros países, e esse é um conselho que dou aos meninos que estão pensando em sair: vão, viajem, conheçam novos horizontes, façam contatos, até hoje meus contatos profissionais são da época do mestrado e doutorado. Logo após o mestrado, retornei à Maceió, onde permaneci por cerca de um ano trabalhando na AGM Geotécnica, mas a falta que sentia da pesquisa me levou rapidamente ao Doutorado, dessa vez na EPUSP - Escola Politécnica da USP em São Paulo.
Ao fim do doutorado, em 2004, retornei à Maceió e comecei a lecionar numa instituição privada até 2013, ano em que ingresse na UFAL. Aqui, destaco minha aproximação com o mercado de trabalho o que me permitiu uma visão de prática e projeto que eu não teria conseguido se tivesse permanecido apenas na academia".
Qual sua maior conquista profissional?
"Considero o doutorado como minha maior conquista de carreira, pois pensei em desistir muitas vezes por algumas dificuldades. Meu trabalho se baseou em um grande estudo de campo em fundações profundas aqui em Maceió o que envolvia recursos financeiros próprios e uma logística complicada... meu orientador permanecia em São Paulo, toda parte experimental era aqui e isso exigia muita experiência e conhecimento da região. Todo sacrifício e superação foram válidos pois a aprovação do doutorado foi com voto de louvor o que me incentivou a colocar a pesquisa em lugar de destaque na profissão. Outra conquista que ponho no mesmo patamar foi a aprovação no concurso para docente da UFAL. Há muito tempo que eu queria fazer parte da UFAL, queria lecionar na universidade onde me formei, e com a abertura do concurso veio a oportunidade tão esperada".
Que conselho você daria aos engenheiros em formação, prestes a sair da academia para o mercado de trabalho? E aos alunos que chegam ao curso?
"Aos que chegam, não desistam. O curso é difícil, são horas e horas de estudo para superar as disciplinas básicas e a Engenharia de fato só vem com dois ou três anos, mas o esforço vale a pena. E para os que estão aí para se formar, meu conselho é se especializar. Sabemos que em épocas de crise a oferta de trabalho diminui e a procura pela pós-graduação aumenta consideravelmente. A participação em pesquisa, grupos PET, PEC e outras oportunidades extraclasse ao longo da graduação são de fundamental importância na construção de um bom currículo em seleções de mestrado e um diferencial na vida profissional. O mercado procura referências, especialistas na área, quem tem uma bagagem maior. Outro ponto fundamental hoje é sua rede de contatos. O apoio de profissionais da área mais experientes é de grande importância nos desafios do dia-a-dia do recém-formado, então aconselho que ao se deparar com situações mais delicadas, seja na elaboração de projetos, laudos, ou atividades que gerem dúvidas, busquem ex-professores, colegas, pessoas que podem oferecer uma certa orientação na resolução de problemas. Todo início é mais difícil, gera uma certa insegurança".
Além da sala de aula, a experiência na coordenação e colegiado do curso
"A experiência tem sido trabalhosa, são as dores e amores da profissão. Fui convidada pelo prof. Roberto Barbosa para fazer parte do colegiado, especialmente pela minha ligação com o mercado da engenharia civil, para tentar melhorar a realidade de estágio e aumentar a competitividade dos nossos alunos dos últimos períodos do curso. O convite para a coordenação foi feito pelo prof. Luciano, Diretor do Centro.
Temos que viver de motivações, de desafio a desafio, então se há algo em que eu possa contribuir eu vou querer fazê-lo. E claro, não pode faltar o amor e a vontade de fazer o nosso curso melhorar".
"Não posso deixar de comentar que as ações do PET e demais grupos são fundamentais para o nosso curso, vocês agem de maneira direta na diminuição dos índices de retenção e isso é visível".
Novos desafios
“Na vida pessoal o objetivo é a família, que já foi constituída”. Mãe de dois filhos, Juliane informa que o casamento vai muito bem, os filhos têm saúde, então pessoalmente o sonho de constituir uma família foi realizado.
E se você acha que a coisa para por aqui, não é bem o caso. Como ela (Juliane) mesma informou, a vida é cheia de desafios e temos que vivê-los:
“Acredito que a gente sempre tem que tentar se superar, buscar novos objetivos, não podemos ficar parados. Profissionalmente, almejo o pós-doutorado fora do país (em algum momento)”.
Além disso, recentemente a professora esteve envolvida na realização do 1º Curso de Geossintéticos na cidade de Maceió. E em novembro deste ano ocorrerá o maior evento de geotecnia a ser realizado na nossa região, o 5º Simpósio de Geotecnia do Nordeste (GEONE 2017)do qual é presidente do comitê organizador local (haja disposição!).
Bom, com isso nos despedimos, deixando aqui um enorme agradecimento à nossa querida professora Juliane (ou Juju, como é carinhosamente conhecida por seus alunos) e fiquem ligados que vem mais por aí!